terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A arte da Música Oriental e o Oud


 A Civilização Islamica do Mundo árabe herdou muitas
das antigas tradições do antigo oriente,e sempre deu
a música um papel de grande destaque dentre as artes
elevadas,atribuindo-lhe origens divinas e um poderoso
efeito sobre seus músicos e ouvintes,ainda conhecido
nos dias de hoje como Tarab.
O Tarab,mais que uma emoção e um sentimento,é o despertar
invisivél que queima nos corações daqueles que sentem
o eterno e conecção entre o divino e o todo,o êxtase
atráves da arte.




A Música é vista pelos místicos como tendo seu nascimento
diretamente
ligado com a criação e os cosmos:Todos os planetas e todos os elementos da
natureza formam um cênario onde a música tem um papel integral,seja no ritmo das ondas do mar,o bater de
um coração ou o uivo dos ventos.
Em cada átomo a vibração do som se expande, criando
e transformando tudopor onde passa.
Sendo assim,os Instrumentos musicais carregam em sí
e em sua história um
status divino que acompanham o homem desde do nascimento das mais antigas civilizações.
 Na tradição Islámica por exemplo, é contado que Allah deu aos
filhos de Caima habilidade de construir instrumentos músicais: Lamek faz o Oud(alaúde) Tubal invetou o Tambor
(daff ou tabl) e Dilal(filha de Noé)
a harpa (mi'zaf).


 

o Oud(Barbat em persa),é um dos instrumentos 

mais antigos da humanidade,
originário a
provavelmentemais de 3.500 anos
na antiga Persia, tendo também

suas origens na remota Suméria.
Instrumentos muito similiares podem
ser vistos nas antigas
pinturas egípcias nas piramides no
tempo dos faraós. 

Seu nome árabe "Al Oud" significa "madeira"e foi introduzido ao
mundo árabe provavelmente 

no primeiro  periodo do islã pelos Persas.




A caixa acústica do Oud é em formaro de pêra, tem um braço relativamente
curto e sem trastes.O formato preciso e a dimensão diferem pelo Oriente, bem como a quantidade de cordas - de cinco, seis, e sete cordas.
 As cordas no passado eram feitas de tripa, hoje em nylon.


O Oud tem grande destaque e importancia na música e na arte da composição do oriente médio, sendo considerado um instrumento aristocrático e nobre, com um vasto
repertório na música Clássica Árabe. A partir do 9ºSec. a tradição musical do Mediterrâneo foi em grande parte baseada no Oud e sua linguagem se desenvolveu gradualmente
coexistindo
em tradições e estilos diferenciados, rompendo barreiras e limites entre povos e tradições.
Foi introduzido na Europa no periodo das cruzadas,vindo
e se tornar o Lute
Renascentista,instrumento que
posteriormente deu origem ao Violão clássico.






Nos dias de hoje,sua arte e essencia continuam vivos mesmo
que seu estudo, linguagem, segredos e desen-
volvimento seja feito através da
oralidade,ou seja,passado diretamente
de mestre a discipulo.Atualmente, existem métodos
e sites que através de uma  pesquisa exepcional ,tem um
material vasto,onde sua cultura,arte e desenvolvimento
músical continua se expandindo para ocidentais e orientais.
Nos dias de hoje,a arte do Oud continua emergente e
criativa,cativando corações
e almas de todos aqueles que buscam
 sua arte antiga e sagrada,que antes de um estudo,é uma forma de oração. 

Referencias -

 Kurt Reinhard: The New Grove: Dictionary of Music and Musicians. vol. 19. ed. London: Macmillan, 1980

Josef Pacholczyk: The New Grove: Dictionary of Music and Musicians. vol. 1. ed. London: Macmillan,1980

Karl Signell: Makam: Modern Practice in Turkish Art Music. New York: DaCapo Press, 1985

The Arabic Music Atlas -1975

Modern arabic music -1945

Mike's Oud site - www.mikesoud.com

Oud or Ud  -  http://www.oud.gr/about_oud.htm




quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Do Oriente ao Ocidente ; Os caminhos do Mediterrâneo




As origens da cultura Ocidental podem ser traçadas de volta aos valores culturais do antigo Oriente. Em todos os estágios da Historia da arte e da cultura ocidental existiram relações estreitas com a cultura oriental. A região do mediterrâneo exerceu uma influencia crucial no ocidente num período de inter-relações recíprocas. Na música e na arte do Grande Mediterrâneo, nunca existiram reais barreiras entre ambos. A despeito de todas as diferenças de culto, hábitos e costumes, no campo da Música, sempre existiram fortes laços entre eles. 



Sob o governo dos Califas no sec. 7 á 8, a música árabe, através de uma integração de elementos das culturas musicais Árabe-semita, Bizantino-helenistica, Cristã primitiva, Persa e Africana desenvolveu uma forma musical regional e folclórica muito peculiar. Esse desenvolvimento foi sem duvida, uma das muitas razões para sua grande maturidade, e seu impacto subseqüente em tantas outras culturas.

  
             Na antiga Andaluzia, influencias dos 
  Visigodos emergiram junto com a musica   dos bárbaros e a refinada tradição Umayyad. Instrumentos Árabes de origem Pré-Asia como o Ud, e a forma primitiva do violino (Rabab) foram introduzidos na Europa Ocidental. Durante o período de tensão política na Espanha Islâmica, foi a música que manteve os laços entre os povos. Com a tradução dos trabalhos de muitos musicólogos Árabes dos sec. 8 e 9 essas tradições ficaram mais acessíveis. O som dos instrumentos recém incorporados desenvolvidos á partir do modelo árabe deu inicio a uma verdadeira revolução musical na Europa Ocidental. O conhecimento e o domínio dos princípios rítmicos e das inter-relações entre as notas (intervalos-modos) também influenciaram os trabalhos de Franco de Colônia (1190) o fundador da notação musical Franconiana.

Existem muitos indícios de que os instrumentistas medievais buscavam a maneira, e o sentimento dos músicos do Oriente Médio. Fontes contemporâneas indicam que nos anos dourados da arte e poesia dos trovadores, Mouros que cantavam e escreviam poesia em árabe, tinham presença ativa na corte da Espanha cristã, e realizavam concertos regulares na França Provinciana.
Durante o sec. 16, enquanto a Europa experimentava a repentina promoção da musica para “arte elevada” a musica árabe-oriental conheceu uma virtual estagnação.
A natureza da liturgia Cristã-Oriental adotada na época, sofreu então uma mudança com a adição de polifonia e de novas composições.
Na era do virtuosismo, uma distinção entre "interprete-instrumentista" e compositor começou a surgir, o que fez com que o desenvolvimento da musica ocidental gradualmente se afastasse da estética oriental.






 
Na Itália cosmopolita Renascentista, berço da ópera, a influencia oriental já era indiscernível.
Artistas franceses, consideravam o oriente  uma exótica terra de sonhos, onde podiam indulgir   seguramente em fantasias irrestritas. Mas o florescimento do romantismo do deserto, foi apenas uma moda passageira, pois os recursos artísticos  dos compositores permaneceram muito fortemente relacionados as expectativas e prejuízos de seu tempo.







Toda a arte musical que não se conforme a estrutura melódica, rítmica e harmônica da chamada musica ocidental é chamada arrogantemente “primitiva”.

Em 1851, quando os primeiros grandes viajantes começaram a fazer gravações de todos os povos, em seu próprio país, Hector Berlioz declarou desparatadamente: “musicalmente, chineses e indianos permanecem na periferia da barbaridade, perdidos em uma inocência quase infantil. O que os orientais chamam musica, pessoas comuns chamariam “ruído”. Para eles o odioso é o belo.”







 
Um graduado Hindu, Dvarkanath Tagore, mencionou em sua entrevista em paris no ano de 1844; “Quando ouvi a musica italiana pela primeira vez, não pude perceber música em sentido algum: porem, mantive a atenção ate poder apreciá-la, ou como você diria, entende-la. Tentamos entender e apreciar tudo o que vem do ocidente sem impor nosso contexto musical. Se estudassem nossa musica, com a profundidade com que estudamos a sua, descobririam uma grande riqueza rítmica, harmônica e melódica.” Ele falava á Friedrich Max Muler, professor de filologia comparativa em Oxford.
Friedrich traçara o seguinte paralelo entre os sistemas musicais e matemáticos da Índia, Oriente e Europa Ocidental;
“Em nosso mundo civilizado moderno, existe pouco de verdadeiramente exótico. Se pudéssemos nos libertar de nossos problemas, e olhar além do nosso campo limitado de visão, teríamos um miríade magnífica de experiências desconhecidas.  Hesitaríamos então em julgar o mundo lá fora.

 Existiram compositores, tanto no Oriente quanto no Ocidente, que tentaram superar os problemas em sua sociedade e expandir novos horizontes artísticos. Na primeira metade do sec. 20, eles procuraram novos caminhos para realizar seu ideal de uma linguagem universal bem orientada na musica. Longe de seguir a moda, e imitar cegamente, eles adquiriram verdadeira forma de expressão individual, através do estudo criativo da musica de lugares distantes mas não esquecidos,  dessa forma, chegaram a exercer real influência artística.”