quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Do Oriente ao Ocidente ; Os caminhos do Mediterrâneo




As origens da cultura Ocidental podem ser traçadas de volta aos valores culturais do antigo Oriente. Em todos os estágios da Historia da arte e da cultura ocidental existiram relações estreitas com a cultura oriental. A região do mediterrâneo exerceu uma influencia crucial no ocidente num período de inter-relações recíprocas. Na música e na arte do Grande Mediterrâneo, nunca existiram reais barreiras entre ambos. A despeito de todas as diferenças de culto, hábitos e costumes, no campo da Música, sempre existiram fortes laços entre eles. 



Sob o governo dos Califas no sec. 7 á 8, a música árabe, através de uma integração de elementos das culturas musicais Árabe-semita, Bizantino-helenistica, Cristã primitiva, Persa e Africana desenvolveu uma forma musical regional e folclórica muito peculiar. Esse desenvolvimento foi sem duvida, uma das muitas razões para sua grande maturidade, e seu impacto subseqüente em tantas outras culturas.

  
             Na antiga Andaluzia, influencias dos 
  Visigodos emergiram junto com a musica   dos bárbaros e a refinada tradição Umayyad. Instrumentos Árabes de origem Pré-Asia como o Ud, e a forma primitiva do violino (Rabab) foram introduzidos na Europa Ocidental. Durante o período de tensão política na Espanha Islâmica, foi a música que manteve os laços entre os povos. Com a tradução dos trabalhos de muitos musicólogos Árabes dos sec. 8 e 9 essas tradições ficaram mais acessíveis. O som dos instrumentos recém incorporados desenvolvidos á partir do modelo árabe deu inicio a uma verdadeira revolução musical na Europa Ocidental. O conhecimento e o domínio dos princípios rítmicos e das inter-relações entre as notas (intervalos-modos) também influenciaram os trabalhos de Franco de Colônia (1190) o fundador da notação musical Franconiana.

Existem muitos indícios de que os instrumentistas medievais buscavam a maneira, e o sentimento dos músicos do Oriente Médio. Fontes contemporâneas indicam que nos anos dourados da arte e poesia dos trovadores, Mouros que cantavam e escreviam poesia em árabe, tinham presença ativa na corte da Espanha cristã, e realizavam concertos regulares na França Provinciana.
Durante o sec. 16, enquanto a Europa experimentava a repentina promoção da musica para “arte elevada” a musica árabe-oriental conheceu uma virtual estagnação.
A natureza da liturgia Cristã-Oriental adotada na época, sofreu então uma mudança com a adição de polifonia e de novas composições.
Na era do virtuosismo, uma distinção entre "interprete-instrumentista" e compositor começou a surgir, o que fez com que o desenvolvimento da musica ocidental gradualmente se afastasse da estética oriental.






 
Na Itália cosmopolita Renascentista, berço da ópera, a influencia oriental já era indiscernível.
Artistas franceses, consideravam o oriente  uma exótica terra de sonhos, onde podiam indulgir   seguramente em fantasias irrestritas. Mas o florescimento do romantismo do deserto, foi apenas uma moda passageira, pois os recursos artísticos  dos compositores permaneceram muito fortemente relacionados as expectativas e prejuízos de seu tempo.







Toda a arte musical que não se conforme a estrutura melódica, rítmica e harmônica da chamada musica ocidental é chamada arrogantemente “primitiva”.

Em 1851, quando os primeiros grandes viajantes começaram a fazer gravações de todos os povos, em seu próprio país, Hector Berlioz declarou desparatadamente: “musicalmente, chineses e indianos permanecem na periferia da barbaridade, perdidos em uma inocência quase infantil. O que os orientais chamam musica, pessoas comuns chamariam “ruído”. Para eles o odioso é o belo.”







 
Um graduado Hindu, Dvarkanath Tagore, mencionou em sua entrevista em paris no ano de 1844; “Quando ouvi a musica italiana pela primeira vez, não pude perceber música em sentido algum: porem, mantive a atenção ate poder apreciá-la, ou como você diria, entende-la. Tentamos entender e apreciar tudo o que vem do ocidente sem impor nosso contexto musical. Se estudassem nossa musica, com a profundidade com que estudamos a sua, descobririam uma grande riqueza rítmica, harmônica e melódica.” Ele falava á Friedrich Max Muler, professor de filologia comparativa em Oxford.
Friedrich traçara o seguinte paralelo entre os sistemas musicais e matemáticos da Índia, Oriente e Europa Ocidental;
“Em nosso mundo civilizado moderno, existe pouco de verdadeiramente exótico. Se pudéssemos nos libertar de nossos problemas, e olhar além do nosso campo limitado de visão, teríamos um miríade magnífica de experiências desconhecidas.  Hesitaríamos então em julgar o mundo lá fora.

 Existiram compositores, tanto no Oriente quanto no Ocidente, que tentaram superar os problemas em sua sociedade e expandir novos horizontes artísticos. Na primeira metade do sec. 20, eles procuraram novos caminhos para realizar seu ideal de uma linguagem universal bem orientada na musica. Longe de seguir a moda, e imitar cegamente, eles adquiriram verdadeira forma de expressão individual, através do estudo criativo da musica de lugares distantes mas não esquecidos,  dessa forma, chegaram a exercer real influência artística.”